Capitulo 3 - 4

04/08



Diário,


   Hoje eu posso afirmar com toda certeza que foi o pior dia da minha vida. Honestamente foi muito ruim. Não sei como é possível acontecer tanta coisa ruim de uma só vez. Eu queria deitar agora e não acordar mais. Não queria sair da cama. Mas como você está lendo essas linhas de desespero eu não suporto ficar curioso, então não deixarei os queridos leitores curiosos, pois para estar lendo esse diário até agora devo a você leitor meus mais sinceros agradecimentos. E se eu não quisesse contar era só não ter vindo escrever. Mas estou precisando desabafar então vou escrever. Já parei com a enrolação.

   Eu fui para o colégio com um sorriso no rosto, no mesmo horário que fui ontem. Tinha conseguido dormir muito bem, um sono bastante profundo. E havia pensado em um apelido para me referir ao Amane. Como eu nunca fico amigo das pessoas, sempre crio apelidos para me referir a elas para facilitar gravar o nome de todos. Tinha ido dormir pensando nisso, em como chamar o Shinji e quando abri os olhos ao raiar do sol aquele nome me veio à cabeça. Tora. Eu sei, eu sei. Não tem nada a ver com o nome dele. Mas só de imaginar aquele rosto sério, dando risadinhas de canto de boca com aqueles olhos que pareciam entrar na sua alma, esse apelido parecia combinar muito com ele. Realmente, estava muito ansioso para poder ir para o colégio e vê-lo. Não sei o porquê esta vontade de ver outra pessoa, mas é preciso. Olhá-lo mais, estudá-lo mais, entende-lo mais. 

   Ontem alguns professores já passaram trabalhos e eu como aluno exemplar já fiz todos. Cheguei mais cedo para guardar minhas coisas no armário que havia na entrada, para não correr o risco de esbarrar em ninguém ou enfrentar tumulto. Além de ser uma desculpa para chegar cedo ao colégio, um hábito que eu tinha antes no meu colégio antigo e que era necessário sendo presidente do grêmio. Sempre tinha várias coisas para fazer. E é um hábito que vai ser difícil de quebrar. Antes eu tivesse ficado em casa. Como havia chegado bem cedo, quase não tinha ninguém no colégio. Talvez uns três alunos sentados conversando na entrada do colégio. Logo que guardei meus pertences no armário (menos meu diário e caderno de desenho, ando com eles sempre juntos. Não podem cair em mãos erradas), decidi andar um pouco para reconhecimento do local, já que na hora do almoço de ontem acabei não visitando muitos locais. Comecei a dar a volta no prédio escolar, e no momento em que virei vi que as quadras já estavam sendo usadas pelos times do colégio. Faz bastante sentido ter treinos dos times como futebol, basquete e tênis antes das aulas começarem. Já mencionei que o colégio é enorme? Mesmo sendo usado por uns cinco times, ainda sobrava duas quadras vazias. Havia apenas uma quadra maior que as outras, acredito que deve ser usada em campeonatos. Foi então que eu reparei. O grupo dos meninos encrenqueiros do colégio sentados na arquibancada vendo os jogos. O grupo que Amane Shinji pertencia. O grupo do Tora. Comecei a andar um pouco mais depressa indo em direção a eles, mas só quando fui chegando mais perto que percebi que ele não estava lá. Fiquei um tanto quanto chateado, muito devo completar. Mas decidi não ligar, quem sabe ele chegava dali a alguns minutos e também não sabia como falar no apelido, havia tempo para pensar. Sim, havia passado na minha cabeça a hipótese de falar para ele de um apelido, hipótese que foi logo descartada. Não tem lógica alguma eu virar para uma pessoa que eu não conheço e dizer que tenho um apelido para ele. Quando me sentei na arquibancada, colocando meus cadernos do lado, comecei a olhar o jogo de futebol para matar o tempo. Algo começou a me chamar a atenção. Você está certo que imaginou que era o Shinji jogando. E era ele mesmo. Em carne e osso. Estava trajando uma camisa azul que claramente o engolia assim como a bermuda cinza. Seu cabelo, completamente molhado de suor, acompanhava os movimentos do corpo. Sua pele brilhava de acordo com o suor que havia nela. Tenho a ligeira impressão de que ele me viu sentado na quadra observando seus movimentos, e que sorriu com isso. Impressão, sonho, esperança tanto faz como chame. O resto do treino deve ter levado no máximo uns dez minutos, e os aproveitei com louvor. Quando acabou o treino ele foi direto para o vestiário, seguido de sua trupe. Fiquei observando os grupos de dissiparem e não passou muito, o sinal bateu. Levantei-me e quando fui pegar as minhas coisas meu caderno de desenhos caiu, mas nessa hora ainda não havia percebido. Eu estava ainda meio distraído para notar isso. Uma das coisas que mais gosto de desenhar são paisagens, lugares e coisas assim, mas também adoro desenhar pessoas. E ontem antes de dormir eu o desenhei. Havia desenhado aquele que me despertava certa curiosidade. Ao me dirigir para a sala de aula esbarrei em alguém. Virei para pedir desculpas e me deparei com um par de olhos azuis escuros me encarando. Por um momento fiquei com medo. Ele transmitia um profundo ódio. Quando fui abrir a boca para falar ele começou a gritar comigo. “Minha roupa nova! Essa roupa custa mais que a sua vida! O que pensa o que está fazendo?!” eu tentava balbuciar um pedido de desculpas, mas não conseguia falar nada. Ele me empurrou contra a parede, o que de fato doeu. Foi num piscar de olhos que ele apareceu na minha frente, com os amigos ao redor. “Algum problema?” Sabe aquelas cenas que chamam a atenção de todos? Pois bem, essa era uma dessas. O aluno novo com jeito nerd sendo protegido pelo grupo dos badboys contra um dos populares do colégio. Nem preciso dizer que me olhavam com cara de espanto e por parte das meninas, com inveja. Shinji era o tipo de homem que toda mulher gosta, bonito com um ar perigoso. Ser protegido por ele era como se eu estivesse declarando guerra à legião das fãs dele. O menino que havia me empurrado era mais alto que eu, mas mais baixo que o Tora. Seu nariz, poderia se dizer meio grande, mas continuava sendo proporcional com seu corpo. Seus olhos pequenos me fuzilavam. Alguém chegou por trás dele e colocou a mão sobre o seu ombro, o que pareceu o fazer perder a pose. “Saga, é só uma roupa. Vamos embora.” Esse outro me encarou como se pedisse desculpas. Era, aparentemente, do mesmo tamanho do menino que havia me agredido. Sua boca era bem carnuda, o que é meio diferente para um homem. Ele usava uma calça bem justa e por baixo da camisa do colégio uma blusa vermelha de manga comprida. Todos voltaram a seus afazeres naturalmente como se nada tivesse acontecido. Nem deu tempo de agradecer o Amane porque da mesma forma que ele chegou para me salvar, foi embora. Fui para sala de aula e sentei no mesmo local que havia sentado anteriormente. E como era de se esperar todos olhavam para mim e faziam comentários. Tentei parecer que não sabia o que estava acontecendo, foi então que resolvi pegar meu caderno para desenhar e distrair para evitar um ataque de pânico e não o achei. Quando me levantei para procurar o professor entrou na sala e todos se sentaram. O professor começou a aula, de história dessa vez. Mas a cadeira do Shinji estava vazia. E assim continuou durante três tempos de aula. Eu havia me esquecido, tudo bem que acabei de me mudar para esse colégio mas hoje o intervalo era um tempo antes, porque depois teriam aulas de educação física. Já disse como sou um prodígio em esportes? Não? Pois é. Deve ser porque sou péssimo em esportes. Um zero a esquerda para ser mais exato. Não tenho coordenação motora para isso, quanto menos para correr. E lhe dou três tentativas de adivinhar qual foi a tarefa dada pelo professor. Correr ao redor da quadra cinco vezes. 
   Aquela quadra é muito grande, é como se fosse duas piscinas olímpicas, ou até mesmo três. Todos os alunos tiveram que ser reunidos em um lado da quadra para começarem a correr. Não era preciso olhar para todos para ver que ainda faziam comentários sobre a minha pessoa. Foi engraçado de ver, aquele tal de Saga mal dando uma volta e indo sentar. Ele não era da minha sala mas era do mesmo ano que eu. Durante a educação físcia as três turmas de cada série se reuniam. O mais engraçado é que o professor não disse nada. O menino de ontem ( aquele que esbarrou nas meninas no começo da aula correndo) ao contrário, corria cada vez mais rápido e parecia não se cansar. Pelo visto ele adora correr. Teve um que foi engraçado, ele corria balançando as mãos. Acho que ele que é o representante de turma. O que havia se intrometido quando o outro queria me bater, agora fez sentido porque. Já o Tora nem estava por ali. Olhei por todo o lado e nada dele. Teve uma hora que tive a impressão de ver uma sombra no terraço da escola, mas acho que foi só impressão. Mas segundo o diretor é local proibido para a circulação de alunos. 
   E foi ai, que o pior dia de toda a minha vida começou a ganhar forças. Eu até que estava acompanhando o ritmo da turma, ficando um pouco atrás, mas continuava correndo. Quando surgiu um buraco  na minha frente que eu não vi ou eu tropecei nos meus pés. Se tivesse visto eu não teria caído de cara no chão. E se não bastasse minha humilhação publica no segundo dia de aula o professor veio e me chutou. Chutou não, mas apoio o pé na minha bunda fazendo força para baixo. Ficou empurrando e gritando para eu me levantar. Já era humilhante o suficiente. Como se eu não estivesse tentando. Entretanto era impossível levantar com alguém te empurrando contra o chão. Teve pessoas que olharam para mim com um olhar de pena e outras estavam gargalhando. Sei que é repetitivo, mas foi totalmente humilhante. Nunca havia me sentido tão mal. Lá se foi toda a minha chance de começar de novo. A conseqüência disso tudo foi que eu sai correndo logo após conseguir me levantar, peguei o diário e vim. E vim para cá onde estou agora. O terceiro box do vestiário masculino. Estou aqui sentando escondido, esperando deixar de ficar vermelho, para pelo menos voltar e pegar minhas coisas. Ainda bem que ele não estava lá para ver minha humilhação.


Porta se abriu. Alguém entrou no banheiro. É só fingir que não estou. Agora é só tentar me distrair para me acaبا...

[..]


Agora meu caderno ficou rabiscado. Não tinha como não ficar. Eu estava escrevendo quando a porta do box em que eu estava foi chutada, risquei de nervoso. Era o Shinji, devolvendo meu caderno de desenhos. Nem preciso dizer que queria esconder minha cara. Não bastasse a humilhação durante a aula de educação física a última pessoa que deveria ver os desenhos estava segurando o mesmo. Depois de abrir a porta ele ficou me encarando e eu tremendo de medo em cima do vaso sanitário. Ele jogou o caderno aos meus pés e apenas disse: “É feio ficar desenhando pessoas às escondidas” Eu gelei. Devo ter ficado imóvel por uns cinco minutos até abaixar e pegar o caderno. Novamente não o consegui encarar. Apenas levantei, fui correndo para a sala de aula pegar as minhas coisas e ir embora. Mas não consigo pensar em matar aula. A classe ainda estava tendo educação física, dava para vê-los da janela. Agora jogavam futebol. E Amane jogava com eles. Mas apesat de ser um aluno modelo eu precisei ir embora. Tive a impressão de que derramei lágrimas, mas não deu para perceber porque sai correndo de lá e voltei para casa. E agora estou aqui, deitado na minha cama, vestindo meu pijama e com meu cachorro ao meu lado pedindo por carinho. Preciso de chocolate para me acalmar, acho que vou fazer um pouco de brigadeiro. Depois devo ir dormir para me acalmar mais ainda.

- Murai Naoyuki








05/08 - 16:45

Diário,

Nada de novo ou de emocionante ou de inesperado aconteceu hoje, ainda estou deprimido por ontem. Dia cruel. Que me deixo profundamente triste. Nada demais aconteceu no colégio hoje. Acho que já disse isso. Já estou em casa, dentro do meu quarto. O sol brilhava fortemente, o céu estava tão claro sem uma nuvem nele, os pássaros estavam alegres. Como se não bastasse, até o dia me deixava deprimido. Indo para o colégio eu vi casais andando de mãos dadas e até mesmo um casal se beijando. Não sei como é, se não bastasse meu dia ruim fiquei pensando em como nunca tinha arrumado alguém para mim e acabei ficando mais triste.

Mudando de assunto, fiquei fugindo de olhares suspeitos durante o dia todo, de todos que pudessem começar a suspeitar algo de mim já que no dia anterior fui um covarde e me escondi. Tinham pessoas na minha sala que me olhavam com desprezo e tenho a impressão de que algumas meninas me olhavam com um certa expressão de inveja. O Tora não apareceu no colégio hoje. Nem o menino que praticamente me bateu por ter esbarrado nele. Nem aquele que corria engraçado na aula de educação física. E aquele outro simpático das calças justas também não foi. Faltaram muitas pessoas hoje. Deveria ter faltado também. Imagina se o Tora fosse ao colégio, o clima ruim que iria ficar. E todo mundo percebendo tal clima. Ainda bem que ele não foi. O que pra mim foi muito bom, já que eu não saberia como encará-lo depois de ontem. Ele ter entrado no banheiro, me olhado e devolvido o caderno. Pensando nisso não o vi ontem após do incidente.

Depois das aulas eu fui ficar lendo em baixo de uma árvore. O que foi muito bom, pois adiantei minha leitura que estava atrasada devido a mudança. Não procurei nenhuma oficina para mim, se bem que ainda estou interessado na de música. Semana que vem resolvo isso. Juro que algo incrivel aconteceu.  na hora em que me levantei para ir embora comecei a escutar uma música. Deve ser impressão da minha cabeça porque naquele horário a sala de música estava vazia.

Ainda estou comendo brigadeiro, aquele mesmo que fiz ontem. Não sou de comer muito, por mais fome que eu tenha como muito pouco. Acho que isso ajuda eu continuar magro. Porém agora eu só como para me manter calmo.

Como eu odeio não ter nada para fazer. Essa sensação de não saber o que fazer, de não ter nada para fazer. Às vezes não ter nada para fazer é bom, quando está cansado e quer relaxar, estudou muito e precisa da um tempo ou simplesmente quer relaxar. Já fiz o pouco trabalho de casa que tinha. Talvez desenhar um pouco me ajude a relaxar. Onde será que enfiei o caderno? Não sei onde está, nem estou com vontade de procurá-lo agora. Devo ter deixado dentro da mochila que deixei jogada no chão do quarto. Vou ter que adiar minha tarde de desenhos mais um pouco até achá-lo. Se bem que quanto menos pensar no Shinji melhor e na hora que eu abrir o caderno vou lembrar dele.

Tenho a impressão de estar repetindo algumas coisas. E tenho a impressão de que não são poucas.

Tudo bem. Está certo. Não gosto de deixar as coisas mal interpretadas. É verdade, eu nunca beijei ninguém. Não sei como é, nem tenho a curiosidade. Já tive oportunidades com umas meninas do meu antigo colégio, mas sempre fugi delas. Nos dias de hoje beijo virou algo tão vulgar. Não existe mais um laço entre uma pessoa e outra. Se você quiser sair beijando na boca de desconhecidos você pode. Para a minha pessoa isso não é nada correto. Irei beijar quando achar a pessoa certa. Aquela pessoa que se importe comigo, que me proteja independente da situação, que não tenha vergonha de estar andando ao meu lado e que me olhe mostrando interesse. E não apenas esteja comigo por interesse próprio, que assim que conseguir o que quer irá me deixar. Senão o beijo não passará de uma troca de saliva. Se você pensar bem se eu cuspir na mesa e a pessoa lamber é o mesmo que um beijo. Troca de salivas e de bactérias. Não sei como as pessoas gostam tanto disso.

Minha cabeça dói, não consigo me concentrar direito. Concentrar em que? Só quero paz e sossego. E minha mãe não para de gritar com meu irmão. Não devo ter comentado que tenho um irmão, porque quase nunca o faço. Ele tem 21 anos e mora em outro país. Por causa do trabalho fica migrando de país em país. Fotógrafo. É um grande fotógrafo por sinal. Mas deveria parar de gastar todo lucro com mulheres que só vê uma vez, comidas absurdamente caras e coisa inúteis para decorar a casa que são altamente desnecessárias. Ai sim seria um excelente fotógrafo. E toda vez que ele volta, eles brigam. E ele joga na cara dela que ela está desempregada, fazendo-a chorar e piorar o estado depressivo. Agora sabem do por que agir como se não existisse irmão. Vou lá tentar amenizar as coisas, ver se ela melhora.



[...]



   Odeio meu irmão. Como ele consegue ser tão indiferente a nossa família? Me irrita profundamente. Ele diz que não se importam com ele. É muito irritante fazer drama para que te dêem mais atenção. Faça por onde para merecer. Não suma por cinco meses sem dar noticias, ligue para avisar que está bem. Queria ser como o Teko. Deitado em sua cama, sem se preocupar com o barulho alheio. Continua deitado dormindo apesar dos barulhos fortes vindo do andar de baixo. Tendo comida na hora que latir, bebendo água o dia inteiro, deitando em cima de cadernos. Que...Só um minuto.

   Dá pra acreditar? O Teko estava deitado em cima do meu caderno de desenhos. Eu o acordei puxando o caderno de baixo dele e ele me olhou com uma cara de que estava tendo um sono bom. Realmente seria impossível de achar, se ele cobria tudo com seu pêlo achocolatado. Porque ele levantou a saiu correndo? Ah, meu pai chegou. Consigo escutar o som da voz dele lá de baixo. Vou lá falar com ele. Acho que é o primeiro dia que ele chega e eu estou acordado, não posso desperdiçar esse momento raro. Até mais.



- Murai Naoyuki



05/08 – 23:58

Diário,

  Já disse e não canso de dizer que meu irmão é um incompetente. Sério, sinto um desgosto em chamá-lo de irmão. Meu pai chegou em casa cedo, isso é algo que acontece esporadicamente. Ainda mais eu estar acordado para vê-lo. Geralmente já estou dormindo, é a minha mãe que sempre espera por ele acordada. Nós ficamos conversando antes de minha mãe servir o jantar e podendo ter um jantar tranqüilo para todos falarem de seu dia não. Não poderia ser tranqüilo. Ele tinha que criar discórdias à mesa. Por isso que meu pai é meu herói. Vendo que minha mãe já estava cansada de discutir com ele retrucava simples e com um sorriso no rosto.

Foi nessa hora que aconteceu algo MUITO bom. O sorriso do meu pai, não dá para explicar. Só vendo mesmo, mas é aquele sorriso que te faz bem ao ver. E como não tenho o visto muito ultimamente, tive a idéia de pegar meu caderno e desenhá-lo para poder guardar aquela expressão em minha mente o mais detalhada possível. Enquanto a minha mãe retirava os pratos e meu irmão debatia com o meu pai sobre como ele tinha razão sobre os juros que iriam subir eu corri para o meu quarto, para pegar o caderno. Com ele em mãos apanhei meu estojo também e assim desci correndo. Não queria perder mais nenhum minuto longe dele. Quase cai descendo as escadas correndo, com Teko embolado nos meus pés. Ele me vê correndo e acha que é para brincar.

Cheguei ofegante a mesa e meu irmão fez alguma piadinha. Meu pai sempre gostou dos meus desenhos, sempre via meus cadernos. E somos capazes de ficar conversando horas sobre os meus desenhos sobre onde eu estava, porque resolvi desenhar aquilo, o que senti quando desenhei. Mas o caderno é novo por isso não possui tanto desenhos, tem três desenhos de árvores, outros dois de parques, uns três do Teko correndo, brincando, dormindo e do Shinji. O desenho do Shinji eu havia feito de cabeça quando cheguei em casa na primeira vez que o vi. Ele estava sentado na grama encostado na árvore com a camisa meio aberta com uma garrafa na mão, um cigarro na outra e o cabelo meio bagunçado. E foi exatamente nessa página em que abri. E um pedaço de papel caiu no chão, achei estranho, pois não havia guardado nada dentro do caderno. Peguei e vi que era um pedaço de papel dobrado com algo escrito dentro. E foi então que eu vi.

  Era um bilhete do Shinji. ELE ESCREVEU ALGO PARA MIM. Tudo bem, eu surtei de leve. Na verdade ainda estou surtando, por isso ainda não consegui dormir. Na hora em que eu li meu rosto se iluminou, mas como eu estava meio abaixado meu pai perguntou o que tinha acontecido. Eu voltei a realidade e guardei o pequeno bilhete no bolso do meu short. Desenhei meu pai com todo meu coração, tenho certeza de que é um dos meus melhores desenhos, senão o melhor. Logo que acabei de desenhar deveria ser umas quase dez horas e disse que iria vir dormir. E estou desde então aqui lendo e relendo o bilhete. Ah, não disse o que estava escrito. A letra dele é linda, é escrita com força, mas é suave. Não sei explicar. O bilhete havia sido escrito num pedaço de folha de caderno rasgado e dobrado. O mesmo dizia: “Bonito desenho. Da próxima vez peça, eu não mordo.” Nem é necessário mencionar o sorriso de orelha a orelha que está estampado em meu rosto, certo? Vou sonhar com poses pra ele fazer pra mim e eu o desenhar. Mas primeiro preciso criar coragem de chegar perto dele e iniciar um dialogo decente.




- Murai Naoyuki

7 comentários:

  1. Ai, eu fiquei com um dó tremendo do Nao DDD: Cara, para com isso, o Tora me seduz demais, eu também queria vê-lo jogando futebol assim, todo suado *tiro na minha cabeça* Depois de uma noite inteira falando pra hachi que eu gostava de ShouxSagaxTora estou me apaixonando por NaoxTora... Isso é maldade DDD: De qualquer forma... poxa, o Tora é violento ein, ele chega chegando!!! Ah, e eu ri
    coment 3 - e eu ri tanto, mas tanto do Hiroto. Nojentinho o Saga xD Vou ler mais!!!*o*

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  2. Olha essa Nana me viciando no Torans mano D:, me seduziu horrores aqui. -v- .Naoxtora é o que há agora. *3*

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  3. Agora o Tora evoluiu de Arashi para George
    GKDHÇWERLGWAE´RFQGA~ERIGQA~ERWAE
    Sim, eu gosto de paradise kiss e sua fic é
    tão emocionante quanto o próprio parakisu ( ,* 3*,)

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  4. Okay okay olha eu aqui novamente!!

    Não preciso dizer que morri de pena do Nao, ou preciso? ;3;
    Já paguei tanto mico na escola, tem uns que gosto de chamar de king kong mas não vou ficar falando das minhas experiências desastrosas.

    Bah e essas meninas pirando no Tora suado jogando futebol! <3333333 PAOSKAPSK' Como se eu não estivesse pirando também XD

    Desenhar é muito bom, mano. Não tem coisa melhor pra tirar o stress :3

    ( ultimo capitulo ~ salva nos favoritos )

    Boa noite ~ ♥

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  5. O Nao é muito boiola, tô pondo fé no shinji. ahshuksushd
    mentira, tá muito bom. Continuaaaaa~~
    Adorei ler uma fanfic sua hachi, você escreve muito bom.

    -nuni

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