Capitulo 5 - 6

06/08 – 06h54min

Querido Diário,

   Bom dia querido diário. Devo dizer que escrever em você tem me feito bem. Um lugar para desabafar sem ninguém para me julgar. Após escrever em você me sinto aliviado e mais tranquilo. E eu meio que precisei após aquele momentos horríveis que passei. O que? Eu estou de bom humor hoje? Pode até se dizer que estou vendo tudo colorido. Ver o céu azul sem nenhuma nuvem no céu, os pássaros do lado de fora cantando e voando alegremente. O mesmo tempo que me tirou do sério no outro dia hoje me deixa animado. Eu dormi extremamente bem, sonhei que tinha falado com o Tora e que agora eu poderia pedir para desenhar ele e ele posaria para mim a hora que fosse. Só nós dois e sem ninguém para pertubar.

  Agora vou ao colégio já que minha mãe está melhor. Acho que ontem não cheguei a comentar, mas na hora em que eu desenhava meu pai ela começou a passar mal, por culpa do meu irmão. Mas ele vai embora hoje, recebeu uma chamada urgente. Não sei o que pode ser urgente para um fotógrafo, não to reclamando. Sei que não deveria mas estou super feliz que ele vai embora. Como meu pai só avisa as coisas em cima da hora ele esqueceu de comentar previamente que iria tirar férias. Ele está oficialmente de férias desde ontem. Ou seja, agora sempre que eu chegar em casa ele estará lá. E como ele havia voltado de uma viajem, ganhei um caderno novo, com capa de couro e uns pequenos detalhes em prata. 

  Meu dia está começando maravilhosamente super bem. Vamos ver até quando isso irá durar. 


- Murai Naoyuki




06/08 – 12h31min

Diário,

  Acabamos de ser liberados para o almoço. Hoje a professora de português não veio. Mais uma noticia boa. E no lugar dela a professora de matemática deu aula. Notícia melhor ainda. A Adrianna tem cabelos ondulados de uma tonalidade de castanho bem claro, seus olhos são cor de mel e sua pele meio pálida, ela precisa pegar um pouco de sol. Ela é mais alta que eu, mas convenhamos quem não é?!

  O decorrer das aulas até que foi bom, hoje os alunos que faltaram foram a aula, menos o Tora. Foi só nesse momento da minha manhã em que fiquei um pouco triste. Sinto falta de olhar para ele, mesmo que não troquemos nenhuma palavra. Ainda não sei como o encararia direito, ainda estou sem graça pelo fato do que aconteceu na aula de educação física e do bilhete dentro do caderno.

  Tenho que te contar algo incrível que me aconteceu. Você não vai acreditar no que houve no intervalo da manhã. Não estou mentindo tá? Mentir é feio, ainda mais nessas circunstâncias.

    Lá estava eu, comendo um sanduíche natural no pátio do colégio, sentado sozinho em uma das mesas sem me preocupar com nada. Quando sinto uma mão pesar sobre meu ombro esquerdo. Viro para olhar surpreso né, e era nada mais nada menos que o diretor. Nem preciso dizer que o pátio inteiro ficou quieto enquanto o diretor fez sinal para eu o seguir, o que fiz sem questionar. Eu estava muito nervoso, vendo todos aqueles olhares em cima de mim. Ele foi indo até a sala dele que ficava no primeiro andar do lado oposto ao refeitório. Ao entrar na sala dele me deparei com o professor de educação física. Ele me encarava com um olhar sério de braços cruzados. E não tirou os olhos de mim em nenhum estante. “Sente-se” disse o diretor para mim. Fui imediatamente sentar-me em uma das cadeiras que ficavam em frente da mesa dele. Nosso diretor tem jeito de galã. Tem um meio forte, usa roupas super normais e comerciais e mesmo com óculos continua irresistível para as pessoas. Coisa que não acontece comigo, fato. Então ele continuou após eu sentar com aquela voz firme “Chegou aos meus ouvidos que ontem, durante a aula de educação física você não conseguiu completar o percurso estabelecido...” eu gelei, ele ia me dar uma advertência ou coisa pior, foi o que pensei na hora. “... e por causa disso o Professor Assis te desrespeitou na frente da turma inteira” preciso dizer que estava mais surpreso ainda? “Você confirma tal afirmação?” eu não sabia o que dizer, fiquei meio estático. Eu não conseguia falar nada apenas murmurei “ah... sim...” e abaixei a cabeça super nervoso. “Murai!” a voz grossa e alta do Assis me fez levantar correndo a cabeça me preparando para um esporo. “Desculpa” se você não entendeu não se preocupe, nem eu. “Sei o que fiz foi errado e que existem alunos que encaram numa boa e que estão acostumados. E outros que não. Peço seu perdão.” Apenas concordei com a cabeça, palavras não saiam de minha boca. Logo após o pedido de desculpa ele saiu de sala. “Não o leve a mal, ele é uma boa pessoa. Só está tendo uns problemas pessoais e acaba descontando nos alunos indefesos.” E foi assim que a conversa entre mim e o diretor acabou. Perguntei quem havia lhe contado porque eu certamente não o havia feito, mas ele se negou a dizer dizendo que a pessoa que realizou o feito queria ficar anônima.

   Bem, não tenho o que reclamar. O professo Assis se desculpou. Isso me deixou muito bem. Deu-me um pouco de coragem. Acho que vou usá-la para fazer a aula de música. Apesar de que não muda o fato de que fui humilhado publicamente, já é um grande avanço.



- Murai Naoyuki



06/08 – 19h12min

Diário,

Hoje estou escrevendo tanto, espero que não se incomode.

  Acho que o colégio é mal assombrado, sério. Porque dessa suposição boba? Hoje de novo, pareci ver um vulto. Dessa vez foi dentro da sala de música. Eu olhava vidrado para a bateria e estava indo me sentar nela quando algo passou na janela. Parece que só eu percebi. Virei rápido para ver, mas não tinha mais nada lá. Como vi que mais ninguém se mexeu eu apenas me sentei na bateria e tentei não pensar mais naquilo. A aula foi um sucesso. Hoje meu dia foi de sorte o que me deixou muito feliz mesmo. Quando sentei na bateria eu senti uma sensação boa, de que ali fosse meu lugar. Como se eu pertencesse ali e nenhum lugar mais. O professor quis saber se eu já havia alguma experiência prévia com bateria e eu disse que apenas algo meio auto didata. Mas ao final da aula ele me elogiou bastante e eu fiquei mais sorridente. Eu havia levado minhas próprias baquetas, elas são especiais para mim e acho que só consigo tocar porque tenho elas comigo. Observação: eu ganhei essa baquetas de alguém muito especial no passado. Quando for o momento comento de novo.

   Quando deu a hora do clube encerrar as atividades eu continuei ali um pouco mais. Faz alguns meses que eu não tocava bateria e estava matando a saudade. Quando comecei a suar reparei como ja estava tarde e como tinha que ir embora. Amanhã estaria de volta ali de qualquer maneira. O professor disse que como agora sou membro do clube posso aparece lá quando quiser. (O que pretendo fazer diariamente, sem afazeres do grêmio estudantil me sobra bastante tempo. Vai ver que esse local não é tão ruim quanto eu achava) ao acabar vi que não tinha ninguém mais por ali, a não ser alguns funcionários da limpeza, nem o professor se encontrava mais lá.

  Estava andando pelo corredor que era iluminado pelo pôr-do-sol e só meus pés emitiam algum tipo de som. Quando comecei a ouvir uma música. Primeiro só ouvia a guitarra e o baixo. Só depois percebi que eram duas guitarras. Meu ouvido para música ainda está no início, (acabo sempre focando apenas na bateria) tanto que demorei a perceber o baixo na música. Baixo é uma coisa engraçada. Se ele está você quase não o escuta, mas se não o tem faz uma enorme falta. Não tinha bateria naquela música. E o vocal era tão mas tão lindo. Era uma voz de homem, mas não sei explicar. Senti-me muito bem ouvindo aquele som. Encostei-me à parede, coloquei minha mochila no chão e continuei ouvindo. Houve algumas repetições da música toda, e de algumas partes. Como se fosse um ensaio. Antes que eu percebesse peguei as baquetas e comecei a tocar no ar imaginando o som que faria para combinar com aquela música linda que meus ouvidos presenciavam. Teve uma hora que uma guitarra parou e a outra continuou com o baixo e o vocal. Continuei tocando no ar, mas logo desanimei. Aquela guitarra era a principal e ela realmente fazia falta. Desisti de continuar escutando e fui-me embora. Mas quando estava no portão a guitarra voltou a tocar junto com os outros instrumentos e eu apenas sorri. Aqueles instrumentos realmente se completavam.

Barulho no portão.
Cachorro latindo alegremente.
Vozes vindo lá de baixo.

   Meus pais voltaram do cinema. Quando cheguei em casa encontrei um bilhetinho com a letra da minha mãe a assinatura do meu pai dizendo que haviam ido ao cinema e que já voltavam com a janta. Desde que eu me lembro eles fazem isso. Um escreve e outro assina. É como se dissessen que estão indo juntos.

  Vou lá ficar um pouco com eles e comer. Afinal não sou de ferro e estou com fome. E já que hoje é sexta e os dois estão em casa vamos fazer nossa sexta. O que consta em alugarmos um filme, pipoca e eu sentado no meio dos dois. Sempre foi assim e sempre vai continuar sendo. Não tenho vergonha em dizer que amo os meus pais e prefiro passar uma sexta a noite com eles do que saindo e bebendo até cair. E assim termina um dia perfeito.


- Murai Naoyuki




08.08 - 23:35p.m. , parte 1


Querido Diário,

não, não esqueci de escrever em você ontem.
Mas é que tanta coisa aconteceu que não tive tempo para expressar meus sentimentos. E quando cheguei em casa apenas apaguei. E acabou que hoje também foi um dia bem cheio. Mas se eu não escrevesse agora a noite tive a sensação de que ia acabar acumulando. Não acumulo trabalho de casa vou acumular no meu diário? Não mesmo.

    Ainda não estou acreditando no que aconteceu nesse final de semana, preciso contar para alguém.
E adivinha? Isso mesmo! Esse alguém é você. Não mantenho nenhuma amizade com ninguém da minha antiga cidade. A verdade é que se mesmo se eu morasse la, se não fosse o presidente não teria o porque falar com as outras pessoas.

  Bem, voltando para o que eu queria lhe falar. Apenas descrevendo pode ficar meio chato de ler, por isso vou tentar fazer uma coisa que aprendi nas aulas de literatura, narrar como uma terceira pessoa.
 Porque assim, tenho a impressão de que ficará mais interessante de se ler. Além de que estarei estudando ao praticar essa forma de escrita. Dois coelhos com uma cajadada só. 
   Mas devo avisar, que é muita coisa. Além de ser já estar tarde estou morrendo de sono. Devo começar e finalizar amanhã.
   Antes que eu esqueça, vou colocar entre parenteses alguns comentários meus. (Coisa que eu já fiz)


   Sábado amanhaceu meio receoso. O sol tentava sair mas as nuvens o impediam de projetar sua luz calorosa. O dia começou cedo para aquela familia. Depois de tanto tempo sem ficar em casa, Murai Kuroi estava aproveitando cada minuto da compania de sua querida esposa e de seu amado filho. (o dia não poderia ter começado melhor.) Se reuniram para tomar um café da manhã no jardim dos fundos, observando a paisagem e ouvindo os pássaros gritando ao fugir do Golden Retriever brincalhão. Naquele momento o pai pediu para ver a interpretação do filho daquela paisagem. Conhecendo como ele o conhecia sabia que ja teria desenhado o jardim da casa em tons de rosa. Kuroi sabia que Naoyuki tinha o dom de desenhar por isso não se importava quando saiam e Murai filho ficava sentado em um canto concentrado nas folhas de seu caderno de desenho.
No dia anterior, Kuroi havia presenteado Naoyuki com um caderno com capa de couro e uns detalhes em prata que diziam ser celta. Pelo menos foi o que o vendedor na Irlanda disse a ele.
Na primeira folha do caderno havia uma frase em Irlandês que significava "Apenas coloque aqui seus maiores sonhos." Ele não achava que isso seria um prolema para o filho, sabia que o pequeno Murai era dono de uma grande ambição, por mais que ainda não soubesse disso. (Eu só sei disso porque ele sempre me fala, mas não levo muito fé.)

   O café-da-manhã transcorreu normalmente, até que Murai Haruna expressou o desejo de fazer compras. E nesse momento pai e filho cruzaram olhares. Ambos sabiam o que significava. Kuroi iria com Haruna fazer compras (e mais compras) enquanto Naoyuki ficava passeando desenhando paisagens aleatórias pelo decorrer do dia. (Como já sabia que era isso que ia acontecer nem me preocupei de levar o diário comigo, apenas meu caderno de desenho e o novo também)

   Por volta das dez da manhã os três sairam de casa, deixando Teko guardando a residência. (Vou tentar sair com ele uma próxima vez) Caminharam quase uma hora até chegar no centro da pequena cidade em que moravam. (Outro detalhe sobre a minha família, nós adoramos caminhar. Sempre fizemos isso par quase todo lugar que vamos)
  Mal chegaram no centro comerical e Kuroi entregou dinheiro a Naoyuki, dinheiro suficiente para um almoço em um bom restaurante, um lanche a tarde, um tipo de diversão momentanea e o taxi de volta para casa, que era extremamente caro por ali. (Apesar de gostar de caminhar, meu pai não gosta quando caminho sozinho por muito tempo, ainda mais a noite)
  Com dois cadernos sob o braço, Naoyuki ficou observando o casal apaixonado se afastar de mãos dadas. (Meus pais são muito românticos junto, fico imaginando se algum dia srrei capaz de encontrar alguém assim para mim, porque sempre que a gente acha que achou tudo se rui.)

   Depois de bastante tempo andando por aquela rua principal, ele havia achado o que queria desenhar. Era uma loja de brinquedos, com muitos brinquedos expostos no vidro de frente a rua. O que tornava aquela cena interessante era que havia uma pessoa contando histórias para um grupo de crianças que prestavam atenção cautelosamente. Ela não aparentava ser muito mais velha que Naoyuki, com os cabelos presos em um rabo de cavalo ela conseguia fazer as crianças não tirarem o olho dela enquanto contava a história sentada no chão em frente a loja. Naoyuki ficou um pouco sem graça de se aproximar, queria saber qual história era que era contada com tanta animação. Ficou uns minutos parado com o olhar fixado na contadora de histórias. Quando se deu conta que ja estava a um bom tempo a olhando pensou que tinha que achar um local para começar a desenhar.Procurando um local para se sentar, se deparou com um café, que possuia uma parte externa com mesas redondas, cadeiras de madeira e parasóis gigantes localizado bem a frente a loja. (Parecia café de filme americano, e estava convencionalmente de frente para aonde eu queria desenhar.) Sem ao menos pensar que precisaria consumir para ficar no local, ele se sentou na mesa mais conveniente, pegou o caderno novo e começou a desenhar.

(Nessa parte me arrepio só de lembrar.)
Estava tão concentrado tentando acertar o cabelo da contadora de histórias que estava se mexendo tanto  devido ao vento, que não percebeu quando alguém se aproximou e parou ao seu lado.
- Quer dizer então que você fica perseguindo pessoas para desenhá-las?
Naoyuki levou um tremendo susto, que quase caiu da cadeira. (Sim, mesmo eu estando sentado dei um pulo na cadeira e tenho quase certeza de que outros fregueses riram de mim)
Levantou o rosto lentamente e deu de cara com Amane Shinji o encarando.
- Então o que vai querer?
Foi então que a ficha caiu. A roupa limpa, o cabelo penteado para trás, o bloco de notas na mão, ele trabalhava ali. (Demorei para perceber mas ok.)
- E então?
- Ah, não quero nada.
- Se não consumir, não pode ficar aqui.
- Ahh. Mas não sei o que...
- Temos chá com biscoitos amanteigados, sucos naturais, sanduiches que você monta, cupcakes, torta de morango e maracujá, bolo de chocolate, petit gateau com sorvete de creme, sem contar em 40 sabores de sorvete. - ele foi falando rápido, cortando a frase do baixinho.
- Uma torta de morango e um chá (Odeio decidir sobre pressão)
- Certo - e com essa palavra ele se virou e foi andando para dentro do estabelecimento.
   O baixinho ficou com raiva de si mesmo, com tantas chances e não soube o que dizer. Ficou se martirizando mentalmente até seus pensamentos serem interrompidos de novo por aquele cara (colocar garoto ou homem seria muito estranho) alto segurando uma bandeja.
- Torta de morango - ele foi falando e colocando na mesa na minha frente - e um chá da casa.
Devia ter parado para reparar na fumaça que saia da xícara.
- Cuidado que está! (Foi nessa hora que virei a xícara e queimei a lingua) quente...
 Naoyuki se sentia um idiota pelo que havia feito, e cara de mais idiota que estava tentando soprar a lingua já queimada. Por isso foi de quando surpresa quando o garçom virou e perguntou:
- Vai continuar aqui até que horas?
- Não sei (não sei explicar mas sentia meu rosto arder de vergonha, além da minha língua)
- Quer ir no cinema?
- QUERO (foi muito automático que nem pensei no que essa minha atitude repentina podia causar)
- Ok. Eu saio as cinco. Quando o resto chegar nós vamos.
- Resto? - a decepção era nitida na voz daquele pequeno, mas o mais alto claramente não se fez entender. (Não sei porque estava esperando irmos só, foi surpresa da mesma maneira)
- Meus amigos.
- AMANEE! - uma voz gritava lá de dentro.
- Tenho que ir, qualquer coisa pode voltar as cinco! - e acenando com a cabeça ele foi correndo na direção da voz que gritava seu nome.

(Ok, momento pausa na narração. COMO ASSIM SABE? Ainda não acredito que isso aconteceu, foi tão natural! Ele falou comigo como se nos conhecemos a anos. E eu sofrendo por não saber nem como dizer oi ele vai e me chama pro cinema fácil. Ele deve estar acostumado a fazer isso..)

   Quando o menor pensou que a frase amigos poderia implicar nos que andavam com ele na escola, desanimou na hora. Mas as chances disso acontecer novamente eram remotas. Criou coragem para ir ao cinema, queria mais chances de conhecer aquele que o deixava bem intrigado. Quem sabe um relacionamento poderia brotar. (Quero fazer amizade com ele. Afinal, até em um apelido já pensei)
   
   Continuou desenhando a cena da contadora de histórias pelas próximas duas horas, as vezes sentia olhares sobre os ombros, mas quando virava para olhar via Shinji limpando alguma mesa. Por mais que parecesse que a maioria das mesas já estivessem limpas.

  A tarde passou tão lentamente, mas tão lentamente que deu tempo de Naoyuki terminar o desenho de uma maneira detalhada, desenhar mais duas paisagens, e estreiar seu caderno dos sonhos com o desenho de uma bateria.
Não havia conseguido comer mais nada depois da torta de morango, mesmo já estando algumas horas sem comer.
Trinta minutos pras cinco, ele resolveu pedir a conta e dar uma volta no quarteirão para esticar as pernas. Quando viu que faltava cinco minutos para o horário combinado resolveu andar em direção ao café, não queria parecer desesperado, ansioso ou nervoso. Mas não pode deixar de sorrir quando viu Shinji saindo do café e procurando por ele.
Andaram um ao encontro do outro e depois de algum tempo se olhando em silêncio, a boca de Amane pareceu que ia falar alguma coisa quando foi interrompido por alguém pulando nele gritando SHIN.

- PORRA! DA PRA VOCÊ TER CUIDADO HIROTO?
- Não! Você sabe como eu gosto de você - foi falando o menino enquanto apertava a boxexa dele.
- Pega leve, senão quebra o menino trabalhador - foi a ver de outro chegar colocando a mão no ombro de Amane, o que me chamou atenção nele foi a calça rosa de oncinhas.
- Eu já disse! Não vou posar pra eles! Oi Shin! Quantas vezes vou ter que dizer? - ele havia chegado perto, cumprimentado e saido para continuar falando no telefone.

(Nessa hora me senti muito mal, tipo eu atrapalhando sabe. Claramente estava sobrando)
   Naoyuki sentia que não devia estar ali, mas quando se virou para ir embora escutou a voz de Shinji.
- Esse é o Murai Naoyuki! - Naoyuki tentou se controlar para não exibir o sorriso que mostrava por Shinji ter lembrado o seu nome - Ele é novato lá no colégio.
Os dois viraram o rosto para Naoyuki, agora notando sua presença o que o fez ficar totalmente desconfortável.
- Oii.. - foi apenas isso que ele conseguiu balbuciar.
- OIII! Eu sou Ogata Hiroto! Prazer. - enquanto ele falava abraçou o baixinho, que era um pouco maior que ele.
- Prazer, Kohara Kazamasa. - ele apenas sorriu.
- E aquele lá é o Sakamoto Takashi que a gente chama de Saga - risos.
- Saga se você não desligar isso agora, eu vou quebrar seu celular - Shinji foi bem direto e grosso.
- Então que tipo de filme você gosta Naoyuki? - foi a vez de Kohara falar.
- Quase todos, menos de guerra sem contéudo, sabe que só tem tiro e nada mais.
- Ta passando um de carros né? Algo sobre drift - me surpreendi ao ouvir Saga falando de uma maneira não ofensiva.
- Todos topam? - Kohara parecia liderar o grupo.
- Pode ser, só estou aqui porque me obrigaram. hunf - Amane, foi falando e tirando um cigarro do seu ipod.
- A idéia foi minha, então claro que vou. - acabando de falar o celular dele tocou e ele se afastou novamente para atender.
- Desde que tenha chocolate eu topo! - Hiroto era definitivamente o mais elétrico do grupo.
(Olharam para mim querendo uma resposta.)
- Ah, eu topo.
- ENTÃO VAMOS AO CINEMAA! - Hiroto gritou e começou a correr empurrando Kohara pelas costas.
Naoyuki e Shinji começaram a andar um do lado do outro. Naoyuki não aguentou e soltou um risinho baixo.
- O que foi? - Tora perguntou franzindo um pouco a testa.
Depois de encarar aqueles olhos, disse sem medo.
- Quando você disse amigos, fiquei um pouco receoso porque imaginei com quem você anda no colégio.
- E mesmo assim veio?
(Nessa hora eu sei que fiquei MUITO vermelho)
- Aqueles são colegas, esses são amigos. Mas por alguns motivos não podemos socializar por lá e acabamos ficando separados. 
(Não tinha entendido muito bem aquela frase, mas resolvi deixar pra me preocupar com isso depois.)

   Chegando na bilheteria do cinema, Murai se preparava para pegar seu dinheiro quando ouviu Amane dizendo: Duas porfavor.
Murai olhou incredulo e viu Shinji oferecendo um ingresso.
- Eu que chamei, eu que pago.
É desnecessário comentar que Naoyuki estava mais vermelho que nunca, e quando ele pegou o ingresso teve certeza de que viu Shinji sorrir com o canto da boca.


    Nossa! Que tarde! Se não fosse pelo colégio amanhã bem cedo continuaria escrevendo. Ainda sou um aluno modelo apesar de tudo. Amanhã continuo escrevendo e narrando os acontecimentos desse final de semana.
Hoje vou dormir nas nuvens.


- Murai Naoyuki

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